TEXTO CENTRAL
“Que
fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua,
tem interpretação. Faça-se
tudo para edificação.” (1Co
14.26).
PRÁTICA DOS PG'S
O culto é uma
sublime forma de nos expressarmos em adoração, louvor, gratidão e total rendição a Deus.
LEITURA
BÍBLICA
Efésios 5.15-21
15 — Portanto,
vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios,
16 — remindo
o tempo, porquanto os dias são maus.
17 — Pelo que não sejais insensatos, mas entendei
qual seja a vontade do Senhor.
18 — E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda,
mas enchei-vos do Espírito,
19 — falando
entre vós
com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor
no vosso coração,
20 — dando sempre graças por tudo a nosso Deus
e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
21 — sujeitando-vos
uns aos outros no temor de Deus.
INTRODUÇÃO
Nesta lição vamos estudar o culto cristão sob
diferentes aspectos, pois precisamos conhecê-lo em sua natureza.
Aqui, veremos que o culto é santo e, por isso, deve ser solene. Assim, também, mostraremos que a glorificação de Deus e a
edificação da igreja são os propósitos
sublimes do verdadeiro culto cristão. E, por último, mostraremos que todo culto também tem um ritual. No contexto da igreja cristã,
destacaremos o papel da Bíblia e da adoração entusiástica na dinâmica
pentecostal.
I. A NATUREZA DO CULTO
1. O culto como serviço a Deus. Na Bíblia, o
culto é mostrado como um serviço,
isto é, uma vida entregue e
consagrada a Deus (Dt 6.13). Em um primeiro plano tem a ver com a atitude com a
qual se cultua o Altíssimo e, em um segundo plano, com a forma como se cultua.
O culto, portanto, expressa uma combinação de obediência à Palavra de Deus e a forma ritual como essa
adoração acontece. O livro de Atos dos Apóstolos, por exemplo, mostra a adoração no
contexto do culto cristão (At 13.1-4). Enquanto os cristãos “serviam” (gr. leitourgeô),
isto é, cultuavam ao Senhor, o
Espírito Santo comissionou os primeiros missionários da igreja.
2. O culto deve ser solene. Por “solene” nos referimos ao que traz respeito e é majestoso. Isso significa que tanto o conteúdo como
a maneira de se cultuar são importantes (Ec 5.1; 1Co 11.27). Por isso, o culto
não pode ser destituído de significado nem realizado de qualquer jeito (Lv
10.1,2). Não por acaso, o apóstolo
Paulo expõe princípios
que regulamentaram o culto na igreja de Corinto (1Co 12.14). Isso deixa claro
que há uma ordem a ser observada na liturgia cristã. Para isso, temos na Bíblia
o parâmetro para o bom ordenamento do culto. Por exemplo, aos coríntios, o apóstolo destacou o seguinte: “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1Co
14.40). Nesse texto temos os termos gregos euschémonós, traduzido como “decentemente” e “decorosamente”; e taxis, traduzido como
ordem. Isso nos leva a compreender, portanto, de acordo com a Bíblia, que o
culto precisa ter decoro, decência e ordem.
3. O culto é santo. A santidade de Deus é afirmada por toda a Bíblia (Lv 11.44; Is 43.3;
1Pe 1.15,16). Visto que Deus é santo
(Lv 20.26), o culto também deve
ser santo. Dessa forma, nada que fosse profano deveria fazer parte do culto e
da vida de quem o praticava no Antigo Testamento (Ez 44.9; Am 5.21-27; Is
1.13). Assim, o limite entre o santo e o profano deveria ser mantido (Ez 22.26;
44.23). Por outro lado, o Novo Testamento também põe em destaque o viver cristão na esfera do
culto, isto é, de
uma vida a serviço de Deus (Rm 15.5). A igreja é o espaço
sacro onde o culto acontece (At 13.2). Assim como no Antigo Testamento, o culto
cristão também não
deve ser profanado (1Co 11.17,18). Nesse caso, tanto a conduta como o modo de
viver são levados em conta na esfera do culto (1Co 11.22).
II. O PROPÓSITO DO CULTO
1. Glorificar a Deus. O culto é uma celebração que se faz a Deus. Celebramos a
grandeza de Deus e seus poderosos feitos (Sl 48.1). Assim o culto é uma celebração pelo que Deus é e pelo que Ele faz (Sl 103.1-5). Nesse aspecto,
o culto é sempre cristocêntrico, nunca antropocêntrico. Cristo é a
esfera ou lugar onde deve acontecer o verdadeiro culto (Jo 2.18-22; Mc 14.58).
Ele é o único mediador entre
Deus e os homens (1Tm 2.5) e o Eterno Sumo-Sacerdote (Hb 2.17; 55.10). Se Deus
não é celebrado, se Ele não é glorificado, então, o culto perdeu o seu real
sentido.
2. Quando não
se cultua a Deus. De fato, há cultos
que não cultuam a Deus. Paulo censurou os coríntios afirmando que:
“Quando
vos ajuntais num lugar, não é para
comer a Ceia do Senhor” (1Co 11.20). Era como se dissesse: “o que vocês estão
celebrando não é a
Ceia”. Não era um culto o que eles estavam fazendo.
Não daquela maneira. Infelizmente há muitas
reuniões envernizadas para se parecerem com um culto, mas, de fato, não são. Parecem
reuniões profanas tanto na sua forma quanto na sua essência. Não buscam
glorificar a Deus.
3. Edificar a igreja. Um dos propósitos principais do culto é trazer edificação à igreja. Assim, na esfera do
culto, tudo deve buscar a edificação (1Co 14.26). O verbo grego oikodoméo, traduzido como “edificar”, ocorre 40 vezes no Novo Testamento enquanto
o substantivo oikodomé,
traduzido como “edificação”, ocorre 18 vezes. O sentido é de algo que está
sendo construído, como na parábola da casa edificada sobre a rocha (Mt 7.24,26;
Lc 6.48). Ele é usado
muitas vezes no contexto do culto. O fato mais claro de que um dos propósitos do culto é trazer edificação para a igreja está revelado
no capítulo 14 de 1Coríntios. Nesse capítulo, o apóstolo disciplina os usos dos dons na igreja
pelo fato de seu uso não estar trazendo edificação à igreja. Assim, aquele que
falava línguas na esfera do culto público deveria interpretar para que a igreja
fosse edificada (1Co 14.5). Todos os demais dons deveriam seguir esse critério (1Co 14.12). Da mesma forma, os dons
ministeriais (Ef 4.11) deveriam contribuir para “edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.12).
III. A LITURGIA DO CULTO
1. A exposição da Bíblia. O Movimento Pentecostal
tem firmado seu compromisso com a autoridade da Bíblia para governar toda crença,
experiência e prática. Dessa forma, os pentecostais viram a necessidade de
julgar o mérito de
todo ensino, manifestações espirituais e conduta à luz da Palavra objetiva e
revelada de Deus, a Bíblia. Esse fato mostra que a leitura e a exposição da Bíblia
devem ocupar o lugar de primazia na dinâmica da liturgia do culto. Nesse
aspecto, o pastor que está à frente de uma igreja, e responsável pela liturgia
do culto, deve ficar atento ao lugar que as Escrituras têm no culto. O Senhor
Jesus, nosso maior exemplo, fez da exposição das Escrituras a base de seu
ministério (Lc 4.16-18).
Escrevendo sobre a liturgia do culto na igreja de Corinto, o apóstolo Paulo pôs a “doutrina”,
“instrução”
(gr. didaché) como
uma das necessidades da igreja (1Co 14.26). Encontramos esse mesmo apóstolo, juntamente com seu companheiro Barnabé, expondo e ensinando a Palavra de Deus (At
15.35). Da mesma forma, o apóstolo
ficou em Corinto durante muito tempo expondo as Escrituras (At 18.11).
2. A adoração entusiástica. A adoração aparece
em primeiro lugar na liturgia sugerida pelo apóstolo Paulo à igreja de Corinto (1Co 14.26). A
palavra “salmo” usada nesse texto traduz o grego psalmon e é uma referência ao hinário usado pelos primeiros
cristãos. É possível
que o apóstolo
esteja se referindo aos Salmos de Davi. Não há dúvida de que a adoração na Igreja Primitiva
era entusiástica. Isso porque Paulo se refere a cristãos cheios do Espírito que
se reuniam para adorar (Ef 5.18-20).
3. O lugar da adoração no culto pentecostal. Um
grande teólogo
pentecostal, William W. Menzies, destaca o lugar que a adoração tem entre os
pentecostais. De acordo com ele, desde o começo, os pentecostais foram
conhecidos no mundo todo pelas reuniões de cultos alegres e ruidosas. Isso era
visto nas reuniões de oração nas quais todos os presentes, coletiva e
eloquentemente, derramavam o coração perante Deus em oração e louvor. Isso também acontece no levantar das mãos como resposta a
percepção de que Deus se faz presente. Faz parte também da liturgia pentecostal louvar a Deus em alta
voz e exercitar os dons espirituais durante o culto.
CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos os princípios que devem
reger um culto cristão. O culto não pode ser de qualquer forma, pois ele tem
princípios e normas para seguir. Como Deus é um Deus de ordem, então, o culto que se presta
a Ele também tem
de ser ordenado. Contudo, ordenado não significa frio e sem vida. O culto deve
ser um momento de celebração, alegria e dinamizado pelo Espírito Santo.